Como imagino a universidade ideal, agora que se aproxima o regresso às aulas? Dei por mim a fazer uma lista — uma atividade em que sou expert e viciado. Ei-la, sem nenhum sentido de realismo ou de pragmatismo político, caso contrário a lista abortava ao primeiro ponto.
1. Totalmente gratuita, portanto financiada pelos impostos.
2. Sem nenhuma prova de admissão.
3. Podendo qualquer pessoa frequentar aulas, dentro dos limites do espaço.
4. Podendo qualquer pessoa fazer cadeiras avulsas, obtendo certificado.
5. Podendo, também, completar as cadeiras necessárias para obter uma licenciatura.
6. Todo o estudante deslocado que queira fazer licenciatura completa tem direito a residência de qualidade.
7. Sem licenciaturas especializadas em áreas disciplinares.
8. Sem nenhuma publicidade sobre saídas profissionais ou empregabilidade.
9. Especialização só do mestrado em diante, tendo todos os estudantes bolsa, depois de prova de admissão.
10. Menor peso de aulas teóricas, maior peso de tutorias e trabalho independente dos estudantes
11. Uma vez extinto o RJIES, órgãos de gestão eleitos por sufrágio universal.
12. Nenhuma interferência externa na gestão — pelo estado, empresas ou “representantes da sociedade civil”.
13. Ausência de trabalho administrativo para docentes.
14. Licenças sabáticas garantidas como um direito — e para produzir investigação.
15. Fim da distinção entre carreira docente e carreira de investigação.
16. Fim da FCT e nova agência de financiamento da investigação, ágil e simples, com concursos permanentemente abertos.
17. Concursos para bolsas de investigação sem temática designada ou decidida por governos ou União Europeia.
18. Revistas científicas dos centros de investigação, e não das editoras, e em acesso livre.
19. Ausência de agências de “acreditação”.
20. Substancial aumento da percentagem do orçamento dedicada à ciência e ao ensino superior.
Um sonho, portanto. Passado num campus idílico, com gente livre, feliz, doida por debater e aprender. Que lírico, pff.
