Desbloguear

MVA
2 min readAug 18, 2020

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A foto retrata a coleção, em livros, dos meus posts no Facebook nos últimos anos. O Facebook surgiu-me como alternativa aos blogues, que vinha usando praticamente desde o seu início — por sua vez como substituição duma participação regular como cronista num jornal diário. Desde o início que percebi que o Facebook não era o mesmo que um blog. O seu caráter efémero, quotidiano, múltiplo no género das publicações e nos modos de uso, não o permitia. Tentei, todavia, imitar o modelo blogue, evitando o Facebook de reações imediatistas ou de rede lúdica de amigos ou familiares. (Talvez por isso nunca tenha conseguido gostar nem do Twitter, telegramático e agressivo, nem do Instagram com o seu domínio do visual e da “publicidade de si”.

À medida que os anos foram passando, fui-me apercebendo de como aquele plano de “bloguificar” o Facebook era de certo modo uma quimera. A crispação, os comentários, os “desamigamentos” (por vezes mútuos), a quase obrigação de acompanhar o ciclo noticioso e os “casos” emergentes, tudo isso contribuiu para o que só consigo designar como um nervosismo pouco saudável. Um mundo penetrado por polarizações simplistas e reações pavlovianas.

Não se regressa ao passado, obviamente. Tal não é, aliás, desejável. Mas talvez se possa recuperar dele géneros de escrita e publicação adaptáveis às necessidades do presente. Às minhas necessidades, sem dúvida: poder escrever com mais recuo, com mais mastigação, com mais tempo e dando a este — e a mim e a quem me leia — o que o tempo mais deseja: tempo….

As ligações para os textos deste “MVA” no Medium serão, de qualquer modo, publicadas no meu mural do Facebook.

É bom poder recomeçar à beira dos 60 anos. Pelo menos, desbloquear. Ou desbloguear :-)

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Written by MVA

Tentando desempacotar coisas desde 1960

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